Estrutura do Programa de Enriquecimento Instrumental

O PEI se aplica a todo ser humano que, por falta ou insuficiência de mediação, não desenvolveu certas funções cognitivas importantes para instaurar, em si, a capacidade de modificabilidade. Sendo assim, sua proposta atende às necessidades de profissionais como professores, coordenadores e orientadores educacionais, diretores de escolas, psicopedagogos, psicólogos, neurologistas, fonoaudiólogos, profissionais de recursos humanos, gestores.

A mediação, que precisa ser educativa, humana, universal e ética, consiste em construir habilidades, desenvolver conhecimentos e estimular autonomia. Ela deve ser utilizada como ferramenta por todos aqueles que estão no processo de aprendizagem, seja na relação pais/filhos, tutor/tutoreado, educador/educando, professor/aluno, gerente/funcionário. Baseada em intencionalidade (estímulo), reciprocidade (resposta do mediado), transcendência (pensamento reflexivo) e significado (sentido), é possível corrigir funções cognitivas deficientes, ajudar a adquirir conceitos básicos e vocabulário, operacionalizar o estabelecimento de relações, formação de hábitos. Além de provocar pensamento reflexivo, motivar e transformar um ser passivo em ativo. Com isso, aumenta-se a capacidade de aprender.

O mediador deve ser entendido como aquele capaz de ser um orientador de processos, para regular relações e orientar percepções. Através da consciência do funcionamento interno de cada pessoa, ele precisa se colocar entre a realidade do mediado e o mundo, para assegurar a justa adaptação dinâmica e criativa das exigências existentes. O mediador precisa ter conhecimento sobre o que ensina, ser capacitado, gostar de pessoas, querer o bem da sociedade e o desenvolvimento ético do ser humano. Sua função é direcionar, provocar reflexão, estimular, investigar, analisar (redefinir significado) de maneira sutil, para que a mudança seja construída de dentro para fora. Perceber o mundo de forma crítica e construtiva, através de sujeitos autônomos que saibam utilizar as competências cognitivas para desenvolver a capacidade de articular, mobilizar e colocar em ação conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, para resolver desafios e explorar as complexidades vivenciadas pelo sujeito social também faz parte de seu papel.

A modificabilidade utiliza os próprios recursos mentais para antecipar situações futuras, fazer inferências e tomar decisões de modo independente e autônomo. Com isso o sujeito se torna mais flexível, aprende melhor o que lhe é proposto e corrige as funções deficientes. Modificabilidade é condição para aprender a adaptar-se. Trata-se de desenvolver a capacidade de reagir ativamente aos estímulos para elaborar ações conscientes e com o significado, mas requer trato afetivo, emocional e motivacional para atingir o objetivo pretendido, pois mudança estrutural só ocorre quando o indivíduo internaliza e põe em prática o que aprendeu. Feuerstein acredita que todos podem aprender, uma vez que a inteligência é dinâmica e modificável e pode ser desenvolvida pela mediação.

Alexandro Vasconcelos Campagnaro

Educador e Mediador do PEI

Currículo: Formado em Letras Português e Literatura Brasileira, com especialização em Leitura e Produção de Textos,  Psicopedagogia e gestão da aprendizagem mediada.